Ride The Lightning e a evolução assustadora do Metallica

Existem alguns discos que são tão bons, mas tão bons, que nos fazem acreditar que foram escritos por pessoas possuídas pelos deuses (ou demônios) da música. E é sobre um desses trabalhos que falarei um pouco. Senhoras e senhores, com vocês, “Ride The Lightning”, do saudoso METALLICA.

Lançado em julho de 1984, “Ride The Lightning” é o segundo álbum de estúdio do METALLICA, que naqueles dias, ainda iniciava a sua trajetória, mas já apresentava um potencial gigantesco. Após assustar o mundo inteiro com a violência apresentada em “Kill ‘Em All” (primeiro disco, lançado em 1983), o quarteto mostrou uma evolução assustadora em seu segundo trabalho. A agressividade continuava presente, mas desta vez, de forma lapidada. A melodia, praticamente ausente no debut da banda, começou a dar as caras, dividindo espaço com a velocidade e uma certa dose de ódio de tudo e todos, sentimento compreensível vindo de 4 jovens rapazes com sangue nos olhos.

O álbum abre com “Fight Fire With Fire”, que é sem sombra de dúvidas a música mais furiosa que o James Hetfiels e sua turma já escreveram. Tudo nesta música é absurdamente caótico, desde os riffs rápidos até a sua letra, que fala sobre o fim do mundo.

O clima continua quente com a música que dá nome ao álbum. Apesar de mais cadenciada, “Ride The Lightning” também é pesada e trata de um tema terrível: a execução na cadeira elétrica, narrada na visão desesperada de um infeliz presidiário.

E por falar em desespero, vale ressaltar que o disco aborda temas como a falta de esperança, e isso pode ser notado na faixa “Escape e na excelente “Fade To Black”, primeira balada escrita pela banda, que fala sobre alguém que perdeu as esperanças na vida e busca na morte o seu alívio. Aliás, se você nunca ouviu METALLICA (ou heavy metal), “Fade To Black” pode ser uma boa opção para mostrar que música pesada também pode (e deve) ter sentimentos.

Apenas essas músicas citadas seriam suficientes para valer o álbum. Porém, para a sorte do ouvinte, o disco apresenta outros clássicos. Começando por “For Whom The Bell Tolls”, uma das músicas mais famosas da banda, com seu riff icônico e refrão grudento, que nunca mais sai da cabeça.

As músicas que fecham o disco são duas obras que deveriam ser admiradas e ouvidas por todas as pessoas do planeta, independente do seu gosto musical. “Creeping Death”, que fala sobre o sofrimento do povo hebreu durante 400 anos no Egito, é uma aula de como se fazer metal. O seu riff inesquecível e o refrão forte são as companhias perfeitas para a narrativa histórica e extremamente detalhada de uma das melhores músicas da história do metal.

Por fim, temos a magnífica “The Call Of Ktulu”, uma das instrumentais mais emblemáticas escritas por alguma banda de metal. O baixo do inesquecível Cliff Burton praticamente fala durante a música toda, que é um encerramento magistral para um disco épico.

“Ride The Lightning” continua sendo citado até hoje como influência por muitos artistas e bandas. Mesmo após quase 40 anos de seu lançamento, é um dos trabalhos mais influentes do heavy metal em geral.

Para muitos, este é o melhor trabalho do METALLICA Para outros, é a evolução natural para a chegada ao ápice, atingido no trabalho seguinte, o irrepreensível “Master Of Puppets” (1986). Seja qual for a sua opinião, não há como fugir de uma verdade absoluta: “Ride The Lightning” é um disco perfeito do início ao fim.

Nota: 10

FICHA TÉCNICA

Álbum: “Ride The Lightning”
Artista: Metallica
Data de lançamento: 27 de julho de 1984

FAIXAS

“Fight Fire With Fire”
“Ride The Lightning”
“For Whom The Bell Tolls”
“Fade To Black”
“Trapped Under Ice”
“Escape”
“Creeping Death”
“The Call Of Ktulu”

FORMAÇÃO

James Hetfield: vocal/guitarra
Kirk Hammett: guitarra
Cliff Burton: baixo
Lars Ulrich: bateria

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