O mundo é uma bola (pesada): Quando o futebol cruza com o Heavy Metal e Rock

Não precisa ser muito inteligente pra saber que o futebol e a música pesada são duas das maiores paixões do ser humano. Todos os dias, um número gigante de pessoas assiste os gols do seu time, acompanha o noticiário esportivo, ou então, escuta seu artista preferido, compra discos, e verifica a agenda de determinadas bandas, com o intuito de saber em quais shows poderá marcar presença. Ou seja, quem gosta de futebol e/ou de música pesada come, respira e vive suas paixões. Não que isso não sirva para outros esportes e para outros estilos, mas falarei apenas sobre as similaridades entre o mundo da bola e o universo das guitarras pesadas, já que são as únicas coisas que eu (acho que) entendo na vida.

Além da paixão cega, o esporte e o estilo musical possuem muitas similaridades. Mais do que você imagina, aliás.

Podemos começar falando do preço abusivo de entradas para uma partida, ou para uma apresentação musical. Os valores pagos para se assistir um show de metal ou alguma partida de futebol no Brasil na maioria das vezes são astronômicos. Isso sem falar daquele absurdo chamado de pista VIP (ou Premium, pode utilizar o termo que quiser), que de tempos pra cá, se tornou praticamente uma obrigação em todo show, não importa se a atração for o Metallica ou a vencedora do concurso Talentos Brilhantes do Colégio da cidade.

A questão dos valores pornográficos também serve para as vestimentas. Andar pela rua com uma camiseta do Iron Maiden ou do Independente de Limeira já foi algo muito mais barato. Mas como o fanático é como fumante, mantém o vício independente do preço que paga, e as ruas estão infestadas de bangers e torcedores demonstrando sua paixão nesses outdoors individuais que custam uma bela de uma grana.

Também podemos citar o saudosismo presente tanto na velha guarda do som quanto da bola. De um lado, temos a trupe que prega a morte do rock desde mil novecentos e lá vai fumaça. Do outro, uma molecada que não tem vinte anos de idade vangloriando a chuteira preta, a seleção de 1994, e utilizando o abominável termo “raiz” para tudo que seja tosco e violento. Mal sabem que todo dia surgem bandas e artistas competentes, e que o futebol ainda tem MUITA coisa boa. Sem contar o fato de que a tese de que “antigamente é que se fazia música (ou jogava bola) de verdade” é uma tremenda balela, afinal, apesar do grande número de bandas e jogadores lendários, existia MUITA banda meia boca e jogador perna de pau.

Ainda falando sobre os fãs, você provavelmente conhece algum que só considera quem toca na banda ou joga no time do coração dele é bom. Consequentemente, tudo o que não se encaixa nisso, é ruim. Afaste se desses mais extremistas, e tente ficar ao lado de quem é mais ameno.

Falando sobre quem de fato faz o espetáculo, também existem muitas similaridades, principalmente no comportamento. Se até duas décadas atrás, Axl Rose e David Beckham em capas de jornais era algo de outro mundo, atualmente, estranho é quando artistas e jogadores bem menos talentosos (não que Beckham fosse um craque, MUITO LONGE disso) que os citados não estão presentes no noticiário, invariavelmente, estampando matérias sem o mínimo de profundidade.

Crédito: E! News

E o que tem de gente que chegou ontem nos palcos e nos gramados se achando lenda, não tá escrito, hein? Enquanto isso, verdadeiras lendas dos dois segmentos tratam jornalistas, fãs e colegas de profissão com o maior respeito. Mas essa é a vida, para cada Careca e cada Scott Ian, existem duzentos Pogbas e Mourinhos.

Sobre os “entendidos” do assunto, a coisa ainda fica mais parecida. Críticos musicais que nunca subiram em um palco se equiparam aos comentaristas que nunca chutaram uma bola, mas que enchem o peito para falar o que é bom e o que é ruim. A opinião é um direito, mas nota se que na maioria das vezes, alguns dos citados profissionais parecem um tanto quanto frustrados por nunca terem tocado uma nota ou dado um carrinho diante de milhares de pessoas.

Para finalizar essa primeira parte, temos as semelhanças entre o som tocando e a bola na rede. Quem já comemorou um gol no último minuto, sabe que a sensação é tão satisfatória quanto ouvir um riff clássico de uma banda pela qual se é apaixonado. Ou então, quando o time do coração perde, a tristeza é tão grande quanto a agonia de alguém que perdeu o show da banda preferida.

E o que dizer quando algum músico que você admira é anunciado como novo membro de uma banda do coração? Guardadas as devidas proporções, o coração bate rápido da mesma forma que bateu todas as vezes que algum craque vai reforçar seu time.

Agora, imagine a satisfação do fã quando descobre que o ídolo torce pelo mesmo time que ele?

Mas isso é assunto pra outra hora.

Um abraço, e até a próxima!

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