Metallica: Black Álbum foi para alguns o início; para outros, o fim

Resenha - Metallica (Black Album) - Metallica

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Se você está lendo isso, provavelmente gosta de música pesada. E se você gosta de música pesada, a chance de ouvir frases como “O Metallica se vendeu”, ou “Metallica só é bom até o Master…” é grande. Esses mantras, que são companheiros fieis dos bangers radicais há três décadas, começaram a aparecer lá pelos idos de 1988, quando a banda lançou “…And Justice For All”, que apesar de ser um ótimo disco, é um pouco diferente dos três primeiros lançamentos (que eram diferentes um do outro, mas vai tentar explicar isso…).

Se a situação do METALLICA já não era das melhores com a Polícia Headbanger, em 1991, então, a relação foi pro espaço. A banda lançou seu álbum homônimo, conhecido mundialmente por “Black Album”, por razões um tanto quanto óbvias (caso você nunca tenha visto a capa do disco, ela é praticamente toda preta, com o logo da banda e uma cobra enrolada, oriunda da Bandeira de Gadsden).

O quinto álbum do METALLICA foi lançado no segundo semestre de 1991, e não demorou para emplacar alguns sucessos, sendo os maiores deles “Enter Sandman”, “The Unforgiven”, “Nothing Else Matters” e “Sad But True”.

Realmente, a banda mudou a sua sonoridade: a velocidade desenfreada de temas como “Motorbreath” já não se fazia presente, as músicas já não eram mais tão longas, algumas músicas apresentavam melodias mais grudentas, o vocal de James estava menos raivoso, e a bateria de Lars já não seguia aquele ritmo insano. Todos esses fatores resumem um fato: o METALLICA, definitivamente, tirou o pé. E isso deixou o disco ruim? Nem de longe.

Além das músicas já citadas, o disco contém outras ótimas músicas, como “Wherever I May Roam”, “Of Wolf And Man”, “My Friend Of Mysery” e “Don´t Tread On Me”. Todas são pesadas, sólidas, mas se você estava acostumado com a quebradeira do disco anterior, pode se assustar. As composições ficaram mais “simples”, e também por esse motivo, mais acessíveis.

Porém, quem ouve essa conversa de que a banda se vendeu, e todas essas baboseiras tão estúpidas, enfadonhas e desnecessárias quanto o papo furado de que “o rock morreu”, imagina que o METALLICA tenha se transformado na versão norte americana dos Menudos. Nem de longe. O sangue headbanger ainda estava presente na veia da banda, e a maior prova disso é a subestimada “The God That Failed”. Pesada e um tanto quanto tensa, é um triste relato do que James passou com sua mãe, que foi vítima de câncer, e recusou ajuda médica, preferindo apostar apenas em sua fé. Como era de se imaginar, a mãe de James faleceu.

Ao longo de suas doze faixas, “Metallica” se mostra um álbum que consegue bancar com maestria a nova proposta da banda: fazer um som pesado e acessível ao mesmo tempo. O resultado foi satisfatório, pois ao mesmo tempo que “Enter Sandman” toca em uma reunião de bangers, pode muito bem ser cantarolada em uma festa adolescente repleta de fãs de qualquer outro estilo, que todos saberão cantar. Outra prova do sucesso do disco foi a inserção de temas como “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters” na Tv e em rádios FM. Você conseguia ouvir as duas músicas tanto em programas especializados quanto na programação romântica da pequena rádio de sua cidade.

São poucos os discos que conseguiram levar a música pesada para um público que dificilmente seria atingido. Talvez “Appetite For Destruction” e “Nevermind” sejam os outros dois álbuns que ajudaram a música pesada a chegar até ouvidos menos acostumados.

O processo de dessa expansão comercial do METALLICA passa pelo talento dos músicos , mas também, pelas competentes mãos do produtor Bob Rock, que encantou Lars Ulrich com seu trabalho realizado em “Dr. Feelgood”, do MÖTLEY CRÜE, lançado em 1989. A união entre a banda e o produtor se mostrou mais do que acertada, apesar de todas as dificuldades e desgaste que rolaram pelo caminho.

A banda vendeu milhões de discos, fez uma tour que parecia não ter fim, e conseguiu um número infinito de novos fãs, ao mesmo tempo que perdeu muitos outros. Um álbum que mostrou o que o METALLICA sempre foi: uma banda autêntica, que nunca foi muito de se importar com a opinião alheia.

“Metallica” marca o início de uma nova fase para os quatro cavaleiros. Já para alguns fãs, marca o sepultamento da banda.

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