Metallica: S&M2 é muito barulho por pouca coisa

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METALLICA lançou no dia 28 de agosto “S&M2”, álbum ao vivo, gravado durante apresentações da banda junto da Orquestra Sinfônica de San Francisco. Como é possível notar pelo título, o trabalho é uma espécie de continuação de “S&M”, lançado em 1999, que também foi um trabalho lançado em conjunto com a referida orquestra, que na época contava com a regência do falecido Michael Kamen.

“S&M2” é muito bem produzido, é possível ouvir tanto os instrumentos da banda quanto os da orquestra claramente. Tudo é muito pomposo, muito bonito e elegante. Só existe um problema: no geral, o disco é chato e enjoativo, como tudo o que a banda vem fazendo nas últimas duas décadas, aliás.

É claro que as pessoas que são fanáticas pela banda vão achar o disco a oitava maravilha do mundo, até porque tudo o que o METALLICA lança causa uma comoção imensa nesse pessoal. Se até mesmo o tenebroso acústico “Helping Hands… Live & Acoustic At The Masonic” ou a asquerosa versão acústica de “Blackened” passaram pelo crivo da torcida organizada da banda, é claro que “S&M2” seria venerado. De fato, muitas pessoas acabaram se empolgando nas redes sociais, dando a impressão de que temos o maior registro ao vivo da história do metal. Não é, nem aqui nem na casa do cacete, por mais que seja um trabalho “ousado” (as aspas são pelo fato da banda já ter apostado nesse formato outrora).

O disco duplo tem 22 músicas, sendo que: 3 são adaptações de obras orquestradas, 1 é uma apresentação e 11 constam em “S&M”. Sendo assim, o trabalho conta apenas com 7 músicas escritas pela banda que não estiveram presentes no disco ao vivo lançado em 1999.

As músicas “repetidas” não estão muito diferentes das que aparecem em “S&M”. E sim, grande parte dessas músicas são as que nunca saem do repertório: “One”, “Master of Puppets”, “Nothing Else Matters”, “For Whom The Bell Tolls”, “Enter Sandman” e “Wherever I May Roam” são alguns exemplos. Nada que mude a rotação da Terra, mas para quem gosta, é um prato cheio.

Entre as músicas que não constam no “primeiro volume”, não há nada tão empolgante. Uma boa música que cairia bem seria “The Unforgiven”, que não está lá. Porém, a terceira parte da canção aparece em uma versão que pode facilmente resolver os seus problemas de insônia.

Um ponto curioso é a versão para “Anesthesia (Pulling Teeth)”, marca registrada do saudoso baixista Cliff Burton e que é um dos poucos momentos que realmente valem a pena no disco. E da mesma forma que o repertório conta com uma música do primeiro disco, também há espaço para músicas dos enfadonhos “St. Anger”, “Death Magnetic” e “Hardwired… To Self-Destruct”, últimos lançamentos da banda. A nova roupagem não tornou a audição das músicas mais recentes em algo agradável, a não ser que você tenha paciência o suficiente para ouvir as composições “salada de chuchu sem sal” que o METALLICA vem jogando na cara de seus fãs de um tempo pra cá.

Além de tudo isso, a performance de Lars Ulrich e Kirk Hammett é digna de nota. Uma nota bem baixa, por sinal. Não é de hoje que ambos usam e abusam de improvisos, o que é muito cansativo. A performance da dupla em “One” é um bom exemplo disso. Isso para não mencionar que Lars faz o possível para “cortar caminho”, principalmente nas composições mais antigas da banda, onde claramente o baterista não consegue segurar o rojão.

No final das contas, “S&M2” é um artigo de colecionador, que deve custar os olhos da cara e que tem como diferença de “S&M” a inclusão de músicas em sua maioria desnecessárias, executadas por uma banda que se tornou uma caricatura de si mesma com o passar dos anos.

Para os fãs que se empolgam pelo simples fato de ser um disco do METALLICA, “S&M2” vale a audição. Mas para quem não tem muita paciência para disco caça-níquel, é material que só engana quem quer ser enganado.

Aperte o play e boa sorte. Eu apertei, ouvi e espero nunca mais ouvir essa xaropice na minha vida.

Álbum: “S&M2”
Banda: METALLICA
Data de lançamento: 28 de agosto de 2020

TRACKLIST

“The Ecstasy of Gold”
“The Call of Ktulu”
“For Whom the Bell Tolls”
“The Day That Never Comes”
“The Memory Remains”
“Confusion”
“Moth Into Flame”
“The Outlaw Torn”
“No Leaf Clover”
“Halo on Fire”
Intro to Scythian Suite
“Scythian Suite, Opus 20 II: The Enemy God and the Dance of the Dark Spirits”
Intro to the Iron Foundry
“The Iron Foundry, Opus 19”
“The Unforgiven III”
“All Within My Hands”
“(Anesthesia) – Pulling Teeth”
“Wherever I May Roam”
“One”
“Master of Puppets”
“Nothing Else Matters”
“Enter Sandman”

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